terça-feira, 5 de janeiro de 2021

JÁ NÃO SEI


Já não sei dar um beijo
Nem abraçar aquele velho amigo
E pedir que conte a velha piada
Tantas vezes repetida, tantas vezes contada

Já não sei ir tomar um copo
Àquele bar onde de tudo e de nada falávamos
Das mulheres presentes nas nossas vidas
Das paixões perdidas e das paixões proibidas

Já não sei ir ao futebol
Chamar aqueles nomes feios aos árbitros
Por terem anulado aquele tão bonito golo
E eu, aos pulos, vociferar como um tolo

Já não sei reconhecer a tua boca
Esses lábios doces cor de mel
Escondidos por uma máscara tão fria
Símbolo negro e maior desta pandemia

Já não sei dançar o tango
A valsa, a kizomba, um bolero
Não posso aquela mulher desafiar
E sozinho não sei nem quero dançar

Já não sei se assim é viver
Este tempo surgiu sem nada nos dizer
Vou  pedir ao tempo se pode parar
E a vida voltar de novo recomeçar

Já sei a resposta
Que o tempo me vai dar
Se não queres este tempo continuar
Sonha e volta a sonhar


João Barbosa
Agosto de 2020

3 comentários:

Manuel disse...

Gostei muito deste poema. Quem é o autor?

Manuel disse...

Gostei muito deste poema.

SOUSENIORALDEANO disse...

O nome do autor está no final do poema
o autor é João Barbosa