sábado, 27 de março de 2021

A VALSA



Apareceu, assim, quase do nada.

Tinha um ar de alegria estampado no rosto, olhos brilhando de felicidade e um sorriso tão luminoso que nos transmitia uma sensação de conforto e tranquilidade.

Quando a orquestra deu os primeiros acordes da valsa da Meia-Noite, olhou-me com ternura, pegou-me na mão e, quase por magia, rodopiamos ao som da música que enchia a sala.

Fomos apenas um, num compasso de fascinação, pés em sincronismo perfeito, deslizantes ao som que os embalava. O tempo parou, por magia, enquanto os nossos dois corpos irmanados, no andamento, compassavam nos batimentos que o ritmo inspirava.

À volta um publico silencioso acompanhava, quase, em enlevo o momento.

A música parou, só ficou o feitiço no tempo.

Largou os meus braços, iluminou-me com a loucura do sorriso, deixou-me um beijo na face e, antes de partir, disse-me:

- Manuel não quebres a corrente, os teus amigos querem-te aqui.

Eu percebi a mensagem.

Estou de volta.

Obrigado.


Março 2021

Manuel Penteado

 

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