Mourão é sede do concelho que leva o mesmo nome pertencente ao Distrito de Évora no Alentejo, banhada pelo Rio Guadiana. Sua população é cerca de 1700 habitantes, está situada aproximadamente 192 km de Lisboa ou 60 km da cidade de Évora, capital do Distrito.
Tive a oportunidade de conhecer a
graciosa vila por cortesia de minha amiga Lídia Ramalho e seu esposo Salvador
que me ofereceram sua casa para passar alguns dias de férias. Foi um momento
ímpar, pois tive a honra de apreciar uma casa tradicional portuguesa no seu
interior e vivenciar o dia a dia. A edificação foi construída pelo avô de seu
marido, José Baptista Matrola, quem trabalhava em uma pedreira e na aquela
altura se estabeleceu na localidade.
A residência tem mais de cem anos, porém
remodelada por diversas vezes, mas conserva suas origens. O piso em pedra de
xisto; o teto do corredor no formato de arco, abóbada; lindos móveis que nos
reportam ao passado, como as mesas feitas com material reciclado dos antigos
quadros negros da escola, inclusive com resquícios de rabiscos dos estudantes.
Lindamente decorada à graciosa forma lusitana. “Uma Casa Portuguesa com
Certeza…”.
Curtimos como se estivéssemos em uma de
nossas moradias no interior do Brasil, tomamos banho no quintal com uma espécie
de chuveiro adaptado a uma mangueira, todavia era em baixo de uma parreira que
saboreávamos suas doces uvas verdes durante o banho, cada local tem seus
encantos e aqui as preciosidades portuguesas...
Na época de verão a temperatura
comumente é bem alta por volta dos 40 graus, período ideal para curtir as
praias fluviais a sua volta que inclusive a água é morna e agradabilíssima,
comparada as das praias do litoral do nordeste brasileiro. Ficamos de “molho”,
ou seja, como um “hipopótamo” somente com a cabeça fora da água por um bom
tempo, maravilhoso…
Sempre me chama atenção a estrutura das
praias portuguesas que são adaptadas na época de verão para os banhistas
desfrutarem com bons acessos, segurança, limpeza impecável, espaço para
merendas, enfim tudo necessário para curtir a temporada confortavelmente. O
lazer é para todos, o poder público investe no bem-estar da população e
qualquer cidadão pode desfrutar da área sem custos adicionais, simplesmente os
impostos arrecadados são bem empregados.
Viajando no tempo da história, um dos
acontecimentos que marcaram foi a “Batalha de Mourão” que ocorreu no período da
Guerra de Sucessão de Castela entre os portugueses e castelhanos sendo os
primeiros vitoriosos. E seu patrimônio se destaca o castelo com sua suntuosa muralha
medieval, esta edificação foi construída harmonicamente com vários tipos de
pedra como o xisto, mármore e granito.
Quanto ao aspeto econômico, a Barragem
do Alqueva ou “Grande Lago”, como também, é nominada que é considerado o maior
lago artificial da Europa Ocidental fomenta a economia na localidade
favorecendo a agricultura, a agroindústria e, ainda, o turismo promovendo o
desenvolvimento da região.
Passeando pela vila nos deparamos com
uma bela praça arborizada, lindo coreto ao centro, jardins bem cuidados e à
noite com o aconchego de sua iluminação colorindo o ambiente, onde moradores se
distraem nas conversas enquanto as crianças brincam a sua volta. Nas imediações
as aconchegantes cafeterias e restaurantes especializados na culinária portuguesa.
Fomos jantar na “Adega Velha”,
restaurante renomado e bastante concorrido, pois tivemos dificuldade de
reservar um horário. Lindamente decorado com talhas que são grandes potes de
cerâmicas para armazenar vinho, muito utilizados pelas vinícolas na região.
Saboreamos um delicioso bacalhau gratinado acompanhado com um bom vinho da casa
alentejano e como sobremesa o tradicional “Bolo Rançoso”, feito a base de
amêndoas, ovos e gila, uma fruta regional.
Graciosa vila alentejana que amei
conhecer…
Liliana Borges
Novembro 2021
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