segunda-feira, 8 de novembro de 2021

MOURÃO, UMA CASA PORTUGUESA, COM CERTEZA...

 


Mourão é sede do concelho que leva o mesmo nome pertencente ao Distrito de Évora no Alentejo, banhada pelo Rio Guadiana. Sua população é cerca de 1700 habitantes, está situada aproximadamente 192 km de Lisboa ou 60 km da cidade de Évora, capital do Distrito.

Tive a oportunidade de conhecer a graciosa vila por cortesia de minha amiga Lídia Ramalho e seu esposo Salvador que me ofereceram sua casa para passar alguns dias de férias. Foi um momento ímpar, pois tive a honra de apreciar uma casa tradicional portuguesa no seu interior e vivenciar o dia a dia. A edificação foi construída pelo avô de seu marido, José Baptista Matrola, quem trabalhava em uma pedreira e na aquela altura se estabeleceu na localidade.

A residência tem mais de cem anos, porém remodelada por diversas vezes, mas conserva suas origens. O piso em pedra de xisto; o teto do corredor no formato de arco, abóbada; lindos móveis que nos reportam ao passado, como as mesas feitas com material reciclado dos antigos quadros negros da escola, inclusive com resquícios de rabiscos dos estudantes. Lindamente decorada à graciosa forma lusitana. “Uma Casa Portuguesa com Certeza…”.

Curtimos como se estivéssemos em uma de nossas moradias no interior do Brasil, tomamos banho no quintal com uma espécie de chuveiro adaptado a uma mangueira, todavia era em baixo de uma parreira que saboreávamos suas doces uvas verdes durante o banho, cada local tem seus encantos e aqui as preciosidades portuguesas...

Na época de verão a temperatura comumente é bem alta por volta dos 40 graus, período ideal para curtir as praias fluviais a sua volta que inclusive a água é morna e agradabilíssima, comparada as das praias do litoral do nordeste brasileiro. Ficamos de “molho”, ou seja, como um “hipopótamo” somente com a cabeça fora da água por um bom tempo, maravilhoso…

Sempre me chama atenção a estrutura das praias portuguesas que são adaptadas na época de verão para os banhistas desfrutarem com bons acessos, segurança, limpeza impecável, espaço para merendas, enfim tudo necessário para curtir a temporada confortavelmente. O lazer é para todos, o poder público investe no bem-estar da população e qualquer cidadão pode desfrutar da área sem custos adicionais, simplesmente os impostos arrecadados são bem empregados. 

Viajando no tempo da história, um dos acontecimentos que marcaram foi a “Batalha de Mourão” que ocorreu no período da Guerra de Sucessão de Castela entre os portugueses e castelhanos sendo os primeiros vitoriosos. E seu patrimônio se destaca o castelo com sua suntuosa muralha medieval, esta edificação foi construída harmonicamente com vários tipos de pedra como o xisto, mármore e granito. 

Quanto ao aspeto econômico, a Barragem do Alqueva ou “Grande Lago”, como também, é nominada que é considerado o maior lago artificial da Europa Ocidental fomenta a economia na localidade favorecendo a agricultura, a agroindústria e, ainda, o turismo promovendo o desenvolvimento da região.

Passeando pela vila nos deparamos com uma bela praça arborizada, lindo coreto ao centro, jardins bem cuidados e à noite com o aconchego de sua iluminação colorindo o ambiente, onde moradores se distraem nas conversas enquanto as crianças brincam a sua volta. Nas imediações as aconchegantes cafeterias e restaurantes especializados na culinária portuguesa.

Fomos jantar na “Adega Velha”, restaurante renomado e bastante concorrido, pois tivemos dificuldade de reservar um horário. Lindamente decorado com talhas que são grandes potes de cerâmicas para armazenar vinho, muito utilizados pelas vinícolas na região. Saboreamos um delicioso bacalhau gratinado acompanhado com um bom vinho da casa alentejano e como sobremesa o tradicional “Bolo Rançoso”, feito a base de amêndoas, ovos e gila, uma fruta regional. 

Graciosa vila alentejana que amei conhecer…


Liliana Borges

Novembro 2021

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