Em 1802, o naturalista Tilesius descreveu um molusco desta classe para as costas portuguesas, o Chiton lusitanicus e alguns anos mais tarde, em 1815, Wood, pensando tratar-se de outra espécie chama-lhe Chiton fulvus. Em 1797, Spengler descrevera para as costas do Brasil e Argentina, o Chiton angulatus, hoje designado por Chaetopleura angulata. Chiton lusitanicus, Chiton fulvus e Chaetopleura angulata são a mesma espécie, dadas as semelhanças anatómicas que apresentam os vários exemplares estudados, pelo que o nome válido deverá ser aquele que foi enunciado anteriormente: Chaetopleura angulata (Spengler, 1797).
Em 1954, P. Kaas, num interessante artigo publicado no volume 18 da revista Basteria, formulou a hipótese de que o molusco em causa teria vindo para as nossas águas por se ter agarrado às âncoras e à estrutura das embarcações portuguesas e espanholas. Esta hipótese, que à primeira vista poderia parecer pouco verosímil, devido às enormes variações térmicas experimentadas na viagem, tem vindo a ganhar consistência porque o Chaetopleura angulata habita variadas zonas meridionais da Península Ibérica, com particular incidência para portos que outrora serviram de "terminal" das viagens de navegação (Lisboa, Setúbal, Lagos, Vila Real de Santo António, Huelva e Cádiz, entre outros). Estamos pois em presença de uma espécie cuja distribuição atual foi influenciada, se bem que de um modo involuntário, por portugueses e espanhóis na sua epopeia marítima.
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