Mafra faz parte do Distrito de Lisboa e está a cerca de 40 Km da capital portuguesa e o Palácio Nacional, também conhecido como Convento de Mafra, está situado neste Concelho.
Sua história começou a ser traçada
quando o rei D. João V casado há mais de 3 anos com D. Maria Ana de Áustria não
possuía herdeiros para dar continuidade a dinastia e em um encontro com o Frei
Antônio de S. José, Frade Franciscano e D. Nuno da Cunha, Bispo Capelão-Mor,
pediu que intercedesse a Deus por descendentes e, de imediato responderam:
“Prometa El-Rei a Deus construir um convento na Vila de Mafra, que logo Deus
lhe dará sucessão”.
Além deste fato que motivou sua
construção, há mais outra fonte que poderia ter sido em decorrência de uma
grave enfermidade e um pedido de cura ao Divino, o monarca fez um voto de
construir um convento para a Ordem de São Francisco em Mafra. Uma das quais
razões que sejam, o lançamento da pedra fundamental foi em 17 de novembro de
1717.
Inicialmente, o convento seria para 13
frades e por fim chegou a abrigar 300, mais um Paço Real, uma Basílica,
hospital, e além disso uma suntuosa biblioteca com cerca de 30.000 volumes,
entre o séc. XV ao XIX. A direção da obra foi de João Frederico Ludovice,
ourives de formação, e com a ajuda dos produtos oriundos das colônias como o
Brasil, o ouro e a madeira, contribuíram consideravelmente para sua
construção.
Mafra tinha tradição na área de
arquitetura e engenharia, formavam profissionais e mão de obra
especializadíssimas que posteriormente foram fundamentais para a reconstrução
de Lisboa após o terremoto de 1755, inclusive o terremoto não fez grandes
estragos nesta vila. Este edifício tremeu, dizem que balançou como embarcações nas
ondas, mas permaneceu na sua magnificência.
D. João V custeava as despesas do
convento denominadas “bolsinho” d’El-Rei que eram duas vezes ao ano, no Natal e
no São João. Estas doações eram curiosamente compostas de 300 navalhas de
barba, 1400 penas de escrever, 140 resmas de papel entre outras. E ainda,
mensalmente fornecia 3 arrobas de tabaco.
No núcleo conventual havia três
enfermarias: Enfermaria dos Convalescentes, Enfermaria dos Noviços e a
Enfermaria dos Doentes Graves. O rei pesquisou indagando por toda a Europa
quais seriam as modernas regras de higiene que deveria seguir para que fosse um
dos melhores hospitais do reino, a exemplo de quantas vezes deveriam mudar a
roupa de cama. E, ainda, o monarca instalou uma botica, renomado laboratório farmacêutico.
Ao longo do palácio há belas
dependências como a Sala de Diana, Sala de Caça, Sala do Trono, Sala de Jogos,
entre muitos outros. Cabe destacar a Sala de Música, onde família real recebia
seus convidados e está representado o retrato de D. Pedro II, Imperador do
Brasil, como também, um de D. Maria Amélia de Beauharnais com sua filha Maria
Amélia, a primeira foi esposa de D. Pedro I do Brasil.
Este magnífico palácio foi palco de
muitos acontecimentos na história portuguesa, como também, foi associado a
arte, educação da nobreza, festas religiosas, cavalgadas e a caça. Mais adiante
o príncipe regente, futuro D. João VI, passava largas temporadas,
posteriormente, a família real passou a residir no período conturbado que
antecedeu a invasão francesa até este rei com sua corte ir para o Brasil.
Cabe ressaltar que de lá foram levadas
inúmeras preciosidades para o Brasil como: pinturas, mobiliário, tapeçarias,
porcelanas, peças de arte, os quais foram utilizados pela corte e a maioria não
mais regressaram a Portugal, pois quando D. João VI retornou para seu país
deixou seu filho como príncipe regente.
Mais um fato importante vinculado ao
local é que ficou associado ao fim da monarquia, pois D. Manuel II passou sua
última noite no reino antes de partir de Ericeira para o exílio, em 05 de
outubro de 1910. E, então, com a proclamação da república, o Paço Real foi
transformado em Museu, denominado Palácio Nacional de Mafra, o qual já havia
sido classificado como Monumento Nacional desde 1907.
Uma curiosidade é que um dos primeiros
elevadores do país foi lá instalado a mando da Rainha D. Maria Pia de Sabóia,
entre o térreo e o andar nobre da Galeria do Norte, tinha a capacidade para dez
pessoas e era manobrado por 4 homens, conhecido como “vaivém ou caranguejola”
pelos palacianos.
Visitar um palácio português é como
vivenciar parte de nossa história entrando em um túnel do tempo, passeando por
dentro de nossos livros escolares. Sempre nos encantará, provavelmente, alguns
capítulos começaram a ser traçados em um destes belos recintos palacianos, em
algum salão, até mesmo nos corredores, nos dormitórios, quem sabe…
Fevereiro 2021
Liliana Borges
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