terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 


Castro Verde é uma graciosa Vila Portuguesa, município pertencente ao Distrito de Beja na região do Alentejo, a cerca de 190 km de Lisboa, com 6.878 habitantes conforme censo de 2021.

A Estrada Nacional 2 (EN2) é a via mais extensa de Portugal, percorre o país de norte a sul de Chaves no Distrito de Vila Real a Faro no Algarve com aproximadamente 740 Km, atravessando 35 concelhos entre os quais Castro Verde faz parte de seu caminho. Rota muito cobiçada pelos turistas.

A Universidade Sénior do Montijo promoveu mais uma viagem de estudo, organizada pelo professor Pedroso da Silva, quem leciona três disciplinas: Calendário & Relógios, Heráldica e Números & Números.

Primeiramente visitamos o Museu da Lucerna, utensílios utilizados para iluminação semelhantes a lamparinas, porém feitas em barro. O Museu possui o maior conjunto de lucernas romanas do mundo considerado pela Revista National Geografhic em 2018, aproximadamente, mil exemplares que nos reportam aos séculos I, II e III d.C.  

As lucernas eram muito usuais nas minas, principalmente, na Faixa Peritosa Ibérica porque a água na região possuía um ph extremamente ácido que corroía facilmente os metais. Pensavam-se que apenas os mineiros as utilizavam, as quais seu depósito de azeite era suficiente para durar uma jornada de trabalho e até seria uma forma de controle, como também, eram mais resistentes facilitando seu manuseio.

Os utensílios foram encontrados em 1994 durante trabalhos arqueológicos na Povoação de Santa Bárbara de Padrões, junto a igreja e ao cemitério. Acreditava-se a princípio que era uma olaria devido a concentração das unidades no local, mas perceberam que era um espaço de culto aos Deuses como nas igrejas e santuários que atualmente são acesas velas.

Cada uma é diferente, decorada conforme o poder econômico, das mais simples as mais sofisticadas com arte e beleza. Devido as inúmeras relíquias encontradas, o Museu foi aberto em 2004 para abrigar a preciosa coleção e difundir sua história. E nesta visita tivemos o prazer da apresentação do acervo guiado pelas Senhoras Sônia do Nascimento, Antônia Henriques e Cidália Matos. 

A região foi palco de muitos acontecimentos, provavelmente, tenha sido o local que ocorreu a Batalha de Ourique. Na verdade, não foi comprovado e identificado a região que aconteceu a dita peleja, a mítica batalha ocorreu nos Campos de Ourique e toda localidade que tem referência ao nome a tradição regional atribui sua realização.

 E assim onde esta a Igreja Nossa Senhora dos Remédios foi construída a primeira Igreja em homenagem a batalha, mandada construir pelo próprio D. Afonso Henriques, a qual teve o nome Chagas do Salvador. Mais adiante estava bastante degradada e pediram a D. Felipe II a sua restauração, entretanto ele não estava voltado para disponibilizar recursos para este fim por ser referência a luta perdida pelos espanhóis. 

Daí ele ordenou que todos os anos realizassem uma feira em Castro Verde e com o dinheiro arrecadado o povoado investiria na reconstrução. “Graças a feira a igreja foi reconstruída e, graças a igreja nasce uma das maiores tradições de Castro Verde”, feira realizada anualmente no terceiro fim de semana de outubro, sendo a primeira em 1620, assim, o Senhor Ricardo Colaço relatou sua história graciosamente.

Entre outros patrimônios históricos conhecemos o Moinho de Vento do Largo da Feira que sua existência é proveniente a 1813, desativado na década de 30 do século XX até que foi recuperado pela Câmara Municipal, inaugurado em 2003, muito interessante é apreciar seu funcionamento, como também, visitar o Posto de Turismo, pois está exposto os produtos, artesanatos, arte e cultura da região que é uma amostra da grandiosidade do concelho. 

Quanto a culinária tivemos a oportunidade de almoçar as apetitosas iguarias alentejanas no “Restaurante Planície”, onde iniciamos pelas entradas com pães, queijos, azeitonas, patês, após saboreamos uma deliciosa “Sopa de Cação” e como segundo prato “Carne do Alguidar” acompanhado com “Migas”, mais um bom vinho e as típicas sobremesas regionais para finalizar.

Cabe destacar que “Carne de Alguidar” é um prato feito de carne de porco preparado e repousado em uma tigela funda de barro que acreditam que realça o sabor do alimento, semelhante ao efeito das tradicionais panelas de barro no Nordeste do Brasil e “Migas” são a base de pão, azeite e alho.

Um dia recheado de novos conhecimentos e muita alegria…

Liliana Borges 

Dezembro 2021

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