segunda-feira, 21 de junho de 2021

ERA UMA VEZ UM BLOG


Neste primeiro dia de verão, o nosso Blog completa 6 meses de vida e vai de férias, mas antes, quero agradecer a todos o contributo que deram para o desenvolvimento deste projeto. 

Bem hajam.

É altura de fazer um balanço da atividade do Blog:

21 de dezembro de 2020 a 21 de junho de 2021

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A Todos, o Blog deseja Boas Férias.

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RESUMO


 

domingo, 20 de junho de 2021

FLAMINGOS


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 7


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 6


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 5


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 4


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 3


 

FLAMINGOS DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 2


 

FLAMINGO DA FRENTE RIBEIRINHA - MONTIJO 1


 

"A MELHOR COISA SOBRE UMA FOTOGRAFIA, É QUE ELA NÃO MUDA MESMO QUANDO AS PESSOAS MUDAM"


 

VALEU!!!


 

sábado, 19 de junho de 2021

FESTAS POPUILARES, MERCADOS DE VERÃO...


 O mês junho é repleto de festas populares dedicadas aos santos católicos tanto em Portugal como no Brasil. No Brasil a maior tradição é no Nordeste do país, onde são realizados grandes eventos. E por aqui não fica atrás, nesta época são celebradas várias festas tradicionais em formato diferente do Brasil, mas são tão suntuosas quanto por aí. 

Em Lisboa homenageiam o Santo Antônio com muita sardinha na brasa, vinho e muito mais; no Porto a mais badalada é o São João e na cidade que escolhi para viver, Montijo, é o São Pedro que é seu padroeiro. Cabe destacar que há festas por todo o país nesta época.

Entretanto, o momento difícil que estamos vivendo em decorrência da pandemia em quase todos os lugares do globo não são realizados eventos que possam aglomerar muitas pessoas. No ano passado todos foram suspensos, este como estamos em processo de abertura em Portugal foram criadas algumas alternativas. 

Na verdade, não parecem em nada com a grandiosidade das festas tradicionais, mas estão tentando não passar em branco, voltando a normalidade aos poucos e fazendo algumas adaptações. E assim, trocaram por feiras, mercados de verão, exposições de arte, apresentações musicais ou espetáculos e, mesmo que não foi autorizado a vender alimentos e bebida para consumir nestes locais alegram nossos corações.

Inclusive em Lisboa houve restrições para a convivência e acesso das pessoas aos bairros que comumente realizam estas celebrações como o Bairro Alto, Mouraria, entre outros. Em Montijo no último final de semana de maio abriu a temporada com o Mercado das Flores que sempre neste período acontece a Festa da Flor, pois a cidade é considerada a capital da flor do país e durante o mês de junho está sendo realizado o evento “Mercado de Verão” no Jardim Municipal da Casa Mora.

Em cada final de semana tem um tema abordado, o primeiro realizado neste mês foi o Mercado de Turismo (4 a 6), onde destacou os hotéis, alojamentos, gastronomia e vinhos da região; o segundo (11 a 13) foi exposto os produtos regionais e artesanato local; o terceiro (18 a 20) neste fim de semana iremos encontrar no espaço algumas das graciosas lojas da cidade entre vestuário, sapatos, acessórios e vários outros produtos de qualidade e, por último (26 a 27) será dedicado ao São Pedro.

No sábado passado tive a oportunidade de visitar o Mercado de Verão onde desfrutei de uma boa música portuguesa pelo fadista Tiago Correia, jovem montijense do Afonsoeiro, possui renomada carreira que iniciou cantando nos restaurantes em Montijo, mais adiante, cantou em várias casas de fado, participou de diversos programas musicais e em casas de espetáculos. 

Além disso aproveitei para visitar a amostra dos produtos regionais e artesanais local. Eu adoro conhecer as especialidades de cada canto e recanto que passo nas minhas peregrinações nestas terras lusitanas, pois é a identidade e o coração de seu povo, assim, é uma bela forma de conhecer melhor a localidade.

Na primeira lojinha que parei comprei uma compota de frutos vermelhos, “Sabores da Quinta”, simplesmente deliciosa, a qual é adoçada com apenas o açúcar natural das frutas. E na seguinte “Arte e Saber” é uma amostra dos produtos da oficina de escultura e artesanato, António Santos, representado por vários produtos originários de madeira reciclada que são lindíssimos, também, adquiri uma bela peça.

Ademais, há uma exposição de artesanato português, “Santos da Casa”, sobre a temática dos Santos Populares: São Pedro, São João e Santo Antônio que são graciosas peças de arte. Está acontecendo na Ermida de Santo Antônio, a igreja nos reporta ao século XVI, situada junto da Freguesia de Montijo na Avenida dos Pescadores, aberta de segunda a sábado, das10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, até 3 de julho.

Como não poderia ser diferente sempre me encantando com este país, pois frequentemente os Concelhos por meio de suas Câmaras Municipais promovem eventos culturais, aproveitando para fomentar a economia local, valorizando o cidadão e com o cuidado de facilitar o acesso de todos que na maioria possui entrada gratuita, contribuído para melhor qualidade de vida da comunidade. 

Vamos voltando aos poucos a normalidade, os eventos nos parques, nas praças, ao ar livre…

Estamos com muitas saudades…

Junho 2021

Liliana Borges

 

A PROPÓSITO DE BRANCO E NÃO SÓ


 Conselho


Quando eles não valem nada

Não se ganha em discutir

Não é bom servir de escada

Para qualquer asno subir


Há gente que só diz mal

Para se impor, para ser notada

Quem discute menos vale

Quando eles não valem nada


E quem pouco valor tem

Só se vinga em deprimir

O desprezo chega bem

Não se ganha em discutir


Quem maldiz por ser ruim

Nunca vence a caminhada

A nulidades assim

Não é bom servir de escada


Quem vence de fronte erguida

Não se dispõe a servir

Como ponto de partida

Para qualquer asno subir


Foto - José Manuel Pedroso da Silva

Poema - Carlos Conde

HOJE É DIA DE FESTA


 

A PARTILHA



Talvez fossem remorsos! Não que tivesse motivo para isso, mas há momentos que nos perturbam o pensamento e as coisas podem acontecer.

Marcolino era, um pouco, explosivo e facilmente se deixava levar pelas emoções, nada de violências ou de ofensas mas amuava e desconhecia as pessoas, não era propriamente um desconhecer absoluto, era mais um distanciamento, um faz de conta, uma maneira de mostrar uma insatisfação.

Mas, pobre de espirito e um pouco retrogrado, normalmente saía a perder, coisa que não sabia, ainda, controlar.

Agora a questão era um pouco mais delicada, havia interesses que ultrapassavam a sua própria vontade e, o seu raciocínio, não o ajudava a discernir o que era melhor para ele próprio.

As coisas, por vezes, acontecem e ultrapassam a nossa vontade, não conseguimos controlar e depois o arrependimento não vale nada.

Ele, Marcolino, viu a Cassilda, no baile da feira, no primeiro dia de festa na aldeia e, obedeceu às ordens, na forma da sua rudeza natural e, mesmo na frente de toda a gente, disparou:

- Ouve lá cachopa! Há muito tempo que ando de olho em ti, já me informei que não tens ninguém, por isso, podíamos namorar os dois!

Cassilda ficou para morrer, tal foi a vergonha porque passou. Quem lhe havia de dizer que Marcolino, que diziam ser meio tonto, a iria assediar dessa forma, neste sitio e, pior ainda, à frente de tanta gente que a conhecia.

Não queria ser bruta, nem sequer ofender o rapaz, mas não sabia bem como sair desta situação.

Corou, sentia mesmo um calor enorme na cara, e o olhar fixo e embasbacado de Marcolino, só servia para piorar a situação.

Tentou falar mas, as palavras, enrolavam na garganta e não havia maneira de se transformarem em qualquer som e tinha medo, mesmo muito, pela reacção daquele homem de olhos desvairados.

****

O professor Eleutério reparou, no embaraço da moça e, no olhar guloso do Marcolino, pegou-lhe com suavidade, num braço, e com muita argúcia, foi-lhe segredando:

- Sabes, Marcolino, que nunca se deve abordar uma rapariga assim?

- Desculpe professor, interrompeu o rapaz, eu não bordei nada só a pedi em namoro.

O professor teve que suster o riso, com muita calma insistiu:

- Eu disse abordar que é o mesmo que, para perceberes, chegares ao pé. Não deves dizer, assim de repente, tens que ser esperto, carinhoso e com muito tacto.

- Mas senhor professor, insistiu o moço, a culpa foi do meu mano, ele é que anda, há muito, com a Cassilda na imaginação, eu também acho que é jeitosa, mas ele está mesmo entusiasmado. Vai daí, ontem, disse-me que eu tinha que a pedir em namoro, mas não podia dizer que era para os dois. 

- Agora sou eu que não percebo! Explica lá isso devagarinho, como é isso de para os dois? 

- Pois, professor, é isso que nós queremos, uma mulher para os dois! A gente dá-se bem, não somos ricos, por isso uma para os dois chega bem. Eu trato do gado, ele trata da lavoura, porque tem mais força, e ela vai tratar da casa.

Vai ser uma princesa, mas mesmo uma princesa como a dos filmes.

O Inácio chega a casa às 7 horas e tem a mulher à espera, linda, para ele. Eu tenho que recolher as ovelhas chego mais tarde, ai pelas 8 horas e é outra festa, lá estará ela, linda para mim.

Tem dois maridos, para esperar, e tem dois amores a chegar. Então não é bonito?

- E depois? Perguntou o professor?

- Então depois o que? Respondeu Marcolino.

- Sim e depois? Vocês querem uma criada ou uma esposa?

- Pode chamar isso, queremos uma mulher que, também, é essa coisa de esposa.

- É à noite como dividem? Perguntou o professor.

- Dividir? Isso não, não dividimos nada, nunca, mas mesmo nunca. Quase gritou Marcolino.

- Sabes que mais! Exclamou o professor, isto parece uma conversa de malucos!

- Olhe lá senhor professor, eu tenho muito respeito por si, mas não sou nenhum maluco, há muitas pessoas que pensam que sou, mas não sou. Sou um pouco fraco de juízo e as pessoas pensam que sou maluco e o meu mano ainda pior, nem se atreve a passar pela aldeia.

Se se atreve há logo um ou outro que grito "Olha o Inácio desmiolado" e ele não gosta, atira pedras aos rapazes. Eu também não gosto e, um dia apanho um desses malvados, dou cabo dele, estrafego-o de tal maneira que vai passar o resto da vida agarrado a um cajado. Pode ter a certeza que o faço!

 - Mas ouve bem Marcolino, eu não chamei maluco a ninguém, só disse que parecia uma conversa de malucos, mas éramos os dois, cada um dizendo uma baboseira, sem chegarmos a lado nenhum, porque não nos explicamos bem.

Eu sei que és bom rapaz, mas perdes a cabeça com facilidade e o teu irmão, bem nem vale a pena falar.

Mas vamos à nossa conversa sobre a Cassilda, se bem percebi vocês querem casar os dois com a menina, coisa que não é permitida e, mesmo que fosse, era preciso que ela quisesse.

 - Mas não precisamos de casar, ela vai lá pra casa, passa a ser a dona e senhora das coisas, nós os homens vamos trabalhar, quando voltamos ela está à nossa espera com a janta.

 Chega um de cada vez, ela dá um beijinho e agradece a Deus por ter dois maridos tão bons.

 O professor estava pasmado, não sabia se devia rir ou chorar, nunca na vida pensou ser apanhado numa coisa destas. Estava arrependido por se ter metido neste imbróglio, mas o olhar aterrorizado da rapariga, e o desvario do homem, obrigaram a tomar uma posição e agora estava num beco sem saída.

 Tomou fôlego, e avançou:

 - Ouve lá, parece que já têm tudo resolvido mas há uma coisa que me escapa:

 - E qual dos dois vai ser o homem da casa?

 - Que pergunta, senhor professor, parece que não percebeu nadinha de nada. Tá bom de ver que vamos ser os dois, os homens da casa, não podia ser doutra maneira!

 - Pois, está bom de ver! Já calculava, disse o professor, mas qual dos dois dorme com a dona da casa?

 - Ai alto, senhor professor! Misturas não. Ela vai ter um quarto, com uma cama, só para ela.

 Eu e o meu mano continuamos a dormir juntos, como sempre, já estamos habituados ao cheiro um do outro. Náá... não há cá mudanças, nem misturas. Era o que faltava!

 - Afinal os miúdos parece que têm razão!

E digo quase, porque na verdade eles deviam gritar.

São os dois varridos do miolo!!!!

Vá desaparece e, se te vejo a incomodar alguma rapariga, vais direitinho à guarda e sou eu que te levo pelas orelhas. Eles logo te arranjam outra companhia para dormires.

- Eu cá não tenho culpa! ! Foi o meu mano que me mandou.

Disse, Marcolino, a chorar.

 

Junho 2021

Manuel Penteado

 

CAROLINA VERISSÍMO


 

O MEU VESTIDO AZUL


 

FESTAS POPULARES, Mercado de Verão…

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SEMPRE APRENDENDO

VERÃO


 Montijo - Portugal

MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR , MONTIJO (NUM PACOTE DE AÇÚCAR)

 Montijo - Portugal

ESTÁTUA DE D. MANUEL I


 Alcochete - Portugal

quinta-feira, 17 de junho de 2021

JOSÉ MANUEL SANTOS


 

AS MUSAS


Não me apetece escrever. 

Tento, começo mas as ideias embotam e apenas resta um vazio. 

Por vezes há uma que começa a brotar no meu cérebro, parece ir bem mas é ilusão, não tarda a ideia é apenas isso, uma ideia, que morre antes de germinar.

Foi ontem, talvez não fosse ontem, se calhar foi há mais dias, que comecei a imaginar a paixão, de uma pobre plebeia, por um príncipe loiro de fino bigodinho, que corria a galope num belo cavalo de crinas ao vento. Mas foi um fogacho, o príncipe, afinal era um velho gordo, com um hálito capaz de exterminar um enxame de moscas.

A ideia, como podem ver, era boa mas os personagens resolveram aliar-se e tornar inglória a minha, já, pobre imaginação.

Penso, será cansaço? Mas ainda há muito pouco tempo as coisas fluíam como a água brota numa nascente, forte, fresca e cristalina. 

De repente secou, a mente entrou numa espécie de greve intelectual, nada de tramas, comédias ou divagações sobre amores, mais ou menos possíveis. 

Um deserto, não vale a pena tentar, basta um arremedo e os ouvidos entram num zunido, uns tinnitus, o cérebro se encolhe, os pensamentos se retraem e, a imaginação, fica tão obtusa como a dos governantes.
Já pensei que, possivelmente, é por imaginar, normalmente, moças de seios fartos, lábios carnudos e olhos com reflexos de magia, mas não, não era isso, são mesmo os fusíveis que queimaram.
Tentei imaginar uma cena com senhoras já matronas, com sonhos já apagados nas memórias dos tempos, maridos sentados no sofá na espera do descanso que não tarda.
Fui ardiloso, pensei que fui, mas puro engano, a escuridão manteve-se nem uma luzinha brilhou.
Por vezes olho o céu na esperança de uma estrela despertar a minha inspiração, mas apenas um firmamento negro, pois as estrelas, tal como eu, também andam escondidas.
Foi ontem? Se calhar já foi há mais dias, mas pouco interessa para o caso. Fui espreitar a janela para tentar perceber se o frio já tinha desistido e vi uma loira. Que espetáculo, cabelos abundantes espalhados pelas costas, em suaves caracóis, uma calça de licra, bem justa, delineava na perfeição uma bunda capaz de ressuscitar um morto.

Fiquei especado à espera de admirar o resto, imaginava já o farto busto e a doçura de um rosto angelical. Era agora, estava a voltar-se, mas antes o não tivesse feito, pelo menos tinha mantido a minha imaginação ocupada. Mas não! Voltou-se, mesmo, para matar em definitivo a mina esperança. Era um homem, feio como um bode, barba rala, uma argola no nariz e borbulhas a salpicar aquela obra, já de si, tão imperfeita. 

Não vale a pena, vou desistir e esperar o amanhã.
Mas o amanhã pode ser já hoje, por vezes acontece, as coisas dão a volta e a esperança renasce.

Está a acontecer, vem saltitante num doce bailado de sensualidade, as mamas erguidas, como lanças apontando aos céus, os cabelos de azeviche em dança demoníaca de tentação os olhos, rutilantes, iam hipnotizando quem tivesse a bênção de os olhar, os lábios lascivos eram morangos que aguçavam o apetite das bocas sequiosas. 

Dizer que era linda era uma banalidade, pois ia para além do terrestre, só podia ser uma obra de um demónio, para tentar quem tivesse a leviandade de a olhar.

Eu estava no caminho, julguei, era o alvo daquela aparição que se aproximava de mim.

As pernas tremiam-me, o coração pulava numa autêntica doidice, a minha boca já sentia o sabor dos morangos, daqueles lábios. Estava tão próxima que fechei os olhos para tomar maior o encanto. Fiz mal! 

Passou por mim e não parou.

Olhei desolado, a aparição foi cair nos braços doutra mulher, feia, varonil e desinteressante.

Deram as mãos e desapareceram enlevadas, cúmplices, nos carinhos e felizes nas intenções.
Desisto, não vale a pena, as musas só favorecem os poetas.

 

Junho 2021

Manuel Penteado 


EXEMPLO DE OBRAS DO MUSEU BERARDO EXTREMOZ, DECICADO AO AZULEJO. PODEM SER VISTOS EXEMPLARES DO SEC. XII E DE VÁRIAS REGIÕES DO MUNDO - 3


 Extremoz - Portugal

EXEMPLO DE OBRAS DO MUSEU BERARDO EXTREMOZ, DECICADO AO AZULEJO. PODEM SER VISTOS EXEMPLARES DO SEC. XII E DE VÁRIAS REGIÕES DO MUNDO - 2


 Extremoz - Portugal

EXEMPLO DE OBRAS DO MUSEU BERARDO EXTREMOZ, DECICADO AO AZULEJO. PODEM SER VISTOS EXEMPLARES DO SEC. XII E DE VÁRIAS REGIÕES DO MUNDO - 1


 Extremoz - Portugal

PORTA DE ARMAS DO REGIMENTO DE CAVALARIA


 Extremoz - Portugal

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 6


 Chiado - Lisboa - Portugal

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 5


 Chiado - Lisboa - Portugal

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 4

Chiado - Lisboa - Portugal
 

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 3


 Chiado - Lisboa - Portugal

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 2


 

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LORETO DOS ITALIANOS - 1


Chiado - Lisboa - Portugal

ALENTEJO DA MINH'ALMA


 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

RENASCER


 

Era um crepúsculo diferente, no colorido de um Sol que desaparecia, apenas a contraluz das gaivotas, davam um ar de vida.

Maria do Amparo, tirou os óculos escuros, o Sol há muito deixara de a encandear, e foi sentar-se na esplanada, o dia estava tão linda que ir para casa era o que menos lhe apetecia.

Ia ficar só mais um pouco, não podia atrasar-se muito, pois a mãe não estava tranquila quando demorava mais um bocado.

A velhota não era assim, mas desde que o pai morreu, tornou-se obsessiva, não lhe dava um momento de folga.

Controlava-lhe as horas de uma forma que a sufocava.

Hoje, para esta saltada à beira mar, teve que inventar uma urgência no escritório, mas mesmo assim, ainda, perguntou:

- Trabalho ao sábado, Maria do Amparo?

- Sim mãe, tenho que ir!
****
Andava cansada, no emprego eram simpáticos, mas havia alguma monotonia e, parecia-lhe que as colegas, não lhe perdoavam por ser nova e bonita, ela tinha esse sentimento, era perfeita.

Não era muito alta, mas Deus tinha distribuído tudo, nas doses certas e de forma segura.

Tinha uma beleza simpática, serena onde a doçura do sorriso ajudava a sua parte.

Hoje, sábado, apetecia-lhe passear. Gostava de percorrer, em passadas lentas, o caminho à beira mar e depois sentar-se na esplanada com um gelado, um imenso gelado, de chocolate e baunilha, com muito chantilly, mas mesmo muito!

Esperou o sorvete, enquanto os seu olhar percorria os restantes companheiros deste fim de sábado.

Na sua frente, um homem não desviava os olhos, Maria do Amparo fingia não reparar, mas na verdade até estava a apreciar esse interesse.

O tipo era, pensava ela, um pão, cabelo preto num estudado desalinho, olhos castanhos muito intenso e um sorriso cativante, debaixo de um fino bigode.

O doce ia desaparecendo, em colheradas lambidas, de forma um pouco libidinosa, pois a língua ia afagando de um modo sensual o colorido gelado, enquanto pelo canto do olho espreitava a forma, gulosa, como o homem a olhava.

Estava a gostar, há muito que andava esquecida dela própria, a mãe absorvia-lhe o tempo e cerceava-lhe, de certa forma, os sentimentos.

Se calhar o sujeito só estava curioso, ela sabia que despertava apetites mas, provavelmente, era apenas o gosto pelo olhar.

Terminou a guloseima, estava tão boa que se pudesse comia outra!

Começou a preparar-se para o regresso, quando o cavalheiro, se aproximou, sorriso rasgado e, quase, num lamento:

- Vai já embora, agora que arranjei coragem para me aproximar? Fique mais um pouco, ainda é cedo e a tarde está tão linda!- Bom, disse Maria do Amparo, tenho mesmo que ir! O homem não desarmou:-Tem carro, ou posso levá-la a algum lado?

Maria do Amparo sentiu um formigueiro a subir o corpo, um dilema tomou-lhe conta dos sentidos, por um lado agradava-lhe a ideia e a companhia, o comboio a essa hora não era muito agradável, mas o bom senso martelava-lhe a cabeça, não devia aceitar boleia de estranhos.

O homem estava na expectativa, mas parecia ter adivinhado os pensamentos.

- Sabe menina, não tenha receio, pode confiar, eu deixo-a onde quiser, mas primeiro deixe-me apresentar, sou Miguel Lopes, advogado e, sorriu, bom rapaz!Os dois diabinhos continuavam na sua cabeça, naquela luta do aceito, não aceito e, um tinha que vencer.Maria do Amparo aceitou o convite.
*****
Começou um romance, primeiro devagar, encontros fortuitos, passear de mãos dadas, jantar à luz de velas e uns beijos, fortuitos, que faziam corar de prazer Maria do Amparo.
Um dia, foi numa quinta-feira, Miguel naquela voz rouca que a entontecia, perguntou:

- Vamos fazer um fim-de-semana diferente?
Os meus pais têm uma casa de férias em Sesimbra, podíamos aproveitar para ficarmos juntos. Que dizes?

- Mas, perguntou Maria do Amparo, vou conhecer os teus pais?

O homem pareceu mostrar algum incómodo, cofiou com o dedo o fino bigode. Limpou, com um leve pigarro, a garganta antes de responder:

- Amor, os meus pais estão em Évora, eu vivo com a minha irmã, mas um dia vou juntar toda a família para te apresentar. Quero que eles fiquem a conhecer a minha linda namorada, a mulher da minha vida!

- Bom! Suspirou ela, eu acho que, ainda, é muito cedo! Mas, tá bem, vamos!
*****

O tempo foi passando, cada dia se sentia mais apaixonada.

Bendita a hora em que aceitou aquela boleia, estava feliz e hoje mais radiosa, tinha um cheiro a pêssegos frescos. Pegou com mais força, do que o habitual, na mão do namorado. 

Havia felicidade no seu olhar, mas notava-se algum receio na voz.

- Sabes amor que vamos ser pais!

- Que estas a dizer mulher? Gritou Miguel. Perdestes a cabeça? Queres dar cabo da minha vida? Eu não vou ser nada disso e tu, se quiseres, podes ser mas não contas comigo!

Voltou a costas e desapareceu.
Maria do Amparo quis chorar mas nem uma única lágrima chegou aos seus olhos. Mordeu, de desespero, os lábios. 

******

Miguel, apareceu no dia seguinte mas, pelo semblante carregado, ela percebeu que algo estava mal. Não tinha aquele sorriso que a cativava, o fino bigode parecia, apenas, um traço inexpressivo naquele rosto, hoje, tão diferente do habitual.
Nem sequer lhe deu um beijo, limitou-se a dizer:
- Os meus sentimentos são verdadeiros, o resto é uma mentira pegada. Não sou Miguel Lopes, não sou advogado, não sou livre, tenho mulher!

Se quiseres vais tirar essa criança, que não tem culpa, continuas a ser a minha namorada, até que eu um dia eu seja livre, depois pensamos na nossa vida.

Teve sorte, ela tinha apenas uma revista na mão, mas mesmo assim sentiu a força a golpear-lhe a cara, sentiu nos olhos a saliva, quando ela lhe cuspiu no rosto e ouviu o martelar, nos tímpanos, da raiva das palavras:

- Desaparece canalha! Desaparece! Desaparece, antes que te arranque os olhos, com as minhas próprias mãos!
*****

Maria do Amparo nunca mais quis saber, desse homem que era falso, em tudo, até no nome.

Ia viver a vida, a vida como sempre vivera, mas agora tinha uma missão muito delicada e muito difícil.

Tinha que esconder uma gravidez, sabia quão difícil ia ser, o corpo ia perder as formas, muitas transformações que precisava disfarçar, com roupas mais largas e apropriadas.

Queria passar a gravidez sem ninguém saber. Em casa ia ser mais difícil, mas tinha que conseguir!

O pior período seria no Inverno e, nessa estação, era mais fácil disfarçar o corpo, trajes mais grossos iam ajudar.
Pelas contas, dela, devia acontecer no princípio de Dezembro, tinha que preparar tudo, ia marcar férias, ninguém podia desconfiar, a criança nunca ia aparecer, sem parto não havia bebé, sem bebé não tinha havido parto.
Tinha que ser inteligente, calculista e não se deixar levar por sentimentos, tinha que esquecer essa coisa do instinto maternal.

Era só um momento, depois acabava, um recém-nascido não chega a sentir a vida. 

Tinha que ir preparando, dentro da cabeça, todos os detalhes, tinha que inventar a coragem que lhe faltava, carregar e disfarçar uma gravidez, ter um parto sem ajuda e longe de tudo e todos e, por fim, fazer desaparecer uma criança que, para o mundo, nunca nasceu.

Só esperava que Deus compreendesse, o suficiente, para a perdoar.
A mãe não suspeitava da verdade, mas estava preocupada com a filha.

Estranhava porque andava sempre agoniada, de manhã era um castigo para se levantar, não deixava ninguém entrar no quarto e, até no corpo, sempre tão jeitoso, se notava um grande descuido.

Agora a mania de férias em Dezembro. Sim no Inverno, com tanto frio queria ir para a aldeia, para uma casa que era dos avós!
E foram, mesmo, para a aldeia.
A casa era enorme, estava fria e algumas teias de aranhas enfeitavam os cantos.

Uma vassoura, dois troncos e um molho de chamiços fizeram a transformação.
Agora já havia conforto.
Maria do Amparo tinha tudo preparado, havia uma cabana ao fundo do quintal, que em tempos foi usada, pelo avô, para recolher a mula. Estava limpa e com as paredes caiadas.

Num dos lados, improvisou uma espécie de tarimba, com umas velhas passadeiras.

Foi lá, também, que ao canto cavou uma cova, guardou a terra numa caixa, depois ia precisar.

Juntou, num saco, o que julgou precisar sem esquecer um pano branco, que iria servir de mortalha, pensou num saco mas, o plástico, levava muitos anos a ser corrompido.

Agora era aguardar, não faltava muito tempo, já ia sentindo os sinais da aproximação, pelo menos era o que tinha lido, a barriga descaída, necessidade constante de urinar, o feto não mexia tanto e algum corrimento. Tinha que estar preparada.
Dia 8 de Dezembro, seis horas da manhã, umas grandes contrações avisaram da hora, enrolou-se num cobertor e sem fazer barulho, raspou-se a caminho da cabana.

Deitou-se no canto que tinha reservado, as dores eram mais constantes e rebentaram as águas.

Muitas dores, força que não queria perder. Soprava como se tivesse uma vela para apagar e, de repente, o filho foi mostrando a cabeça, depois os ombros e por fim estava todo cá fora.
Estava exausta, pegou na criança, ia acabar o que começou.
Ganhou coragem e limpou-o com o pano que ia servir de sudário.

Depois, olhou-o nos olhos e perdeu a coragem.

Embrulhou-o no cobertor, encostou-o contra o peito. Não ia fazer mais nada, o seu menino era tão bonito!
Levantou-se a custo, sempre com a criança junto ao coração, entrou no quarto da mãe e gritou:

- Mãe, preciso que me ajudes a criar o teu neto! Ajudas mãe?

É tão lindo o nosso menino! 

Olha para ele! 

Olha!

Junho 2021

Manuel Penteado


 

A VER-NOS PASSAR NA EN2


 Chaves - Portugal

O DOURO LÁ EM BAIXO


O Alto Douro Vinhateiro é uma zona particularmente representativa da paisagem que caracteriza a vasta Região Demarcada do Douro, a mais antiga região vitícola regulamentada do mundo. A paisagem cultural do Alto Douro combina a natureza monumental do vale do rio Douro, feito de encostas íngremes e solos pobres e acidentados, com a ação ancestral e contínua do Homem, adaptando o espaço às necessidades agrícolas.